Dentista denuncia supostos policiais por abordagem violenta em Manaus

Responsáveis pela ação não foram identificados, mas investigações da polícia e Corregedoria não avançam.

Um dentista foi confundido com um traficante e algemado no meio da rua em uma abordagem violenta no dia 22 de novembro, em Manaus. Porém, a polícia ainda não conseguiu identificar se os responsáveis pela ação são policiais ou não e, mesmo assim, as investigações não avançaram.

A ação aconteceu próximo à Arena da Amazônia. Ele dirigia seu carro, quando dois homens armados – um deles com colete à prova de balas – descem de outro veículo à frente e se identificam como policiais. O dentista foi retirado do carro, algemado, ecolocado no carro dos supostos policiais, enquanto um homem entra em seu veículo.

“Quando ele fechou, saiu do carro, do banco traseiro do passageiro, armado, gritando ‘Polícia! Denúncia de drogas no seu carro!’. O motorista também saiu armado. E já foi puxando, eu levantei a mão para dizer que não tinha nada. Aí, mandaram eu sair do carro”, relatou a vítima, afirmando que os supostos policiais pediam por droga. “Ele queria a droga. Ele perguntou por um traficante, se eu o conhecia. Enfim, eu não o conheço, não uso, nunca usei. Tive que passar por contratempos, constrangimentos de graça”, contou.

Os supostos policiais ficaram com o dentista por aproximadamente 30 minutos e o abandonaram na Zona Norte de Manaus. Ele registrou queixa na Polícia Civil e também na Corregedoria, mas até agora nada foi feito.

Eles apenas disseram: ‘Vou te soltar porque eu sou gente boa’. Mandou eu sair do carro sem olhar para trás e só. Esse ‘não olhar para trás’ provavelmente, se eu olhasse, também poderia atirar”.

No carro do dentista, os supostos policiais encontraram apenas sacos com farinha de uarini que seriam entregues ao pai dele. Por ter sido algemado com força, ele está com o movimento da mão direita comprometido.

“Fiquei com uma parestesia, o termo correto, no nervo braquial. Não sei se tem como ver, mas ainda está a marca aqui no punho, as algemas. Eles fizeram, por assim dizer, com bastante intensidade, com bastante força mesmo e deixaram bem apertado. Eu não sei se com os bandidos é assim, de verdade, eu não sei. Se fica lesionado bastante tempo. E 15 dias de atestado sem trabalhar. Eu durmo 22h e entre 1h30 e 2h, eu acordo e fico pensando na cena. ‘por que eu não fiz isso, porque eu não fiz aquilo? por que eu não desviei, por que eu não corri?’ Se eu corresse, poderiam ter atirado. E por assim dizer, incapacitado de solucionar, o que é pior. Não é inútil, porque não é o tempo correto, mas é incapaz. Eu me senti um incapaz!

Em nota, a Corregedoria Geral disse que recebeu denúncia e instaurou uma sindicância para aprofundar investigações sobre os supostos agentes da segurança. A nota diz ainda que não há, até o momento, elementos que confirmem que os autores do crime sejam, de fato, policiais.