Pesquisadores pintam gravuras rupestres milenares expostas durante seca do Rio Negro para realçar características
Pesquisadores são criticados por realizar intervenções em gravuras rupestres históricas em Manaus
Um grupo de pesquisadores foi alvo de críticas após realizar pintura em gravuras rupestres milenares na região de Manaus. As pinturas foram reveladas devido à seca histórica do Rio Negro este ano. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) alertou que qualquer intervenção no local deve ser autorizada e já acionou órgãos de fiscalização para evitar maiores danos às figuras históricas.
O historiador responsável pela intervenção, Otoni Mesquita, publicou uma nota pedindo desculpas pela ação e afirmou ter utilizado argila natural para realizar a pintura. Ele afirmou que sua intenção era “ressaltar os atributos” das gravuras e que o método utilizado é comumente aplicado em intervenções arqueológicas para evidenciar características das incisões rupestres.
As fotos da visita ao local foram compartilhadas nas redes sociais pela professora Gisella Braga, que também recebeu críticas dos internautas. Alguns questionaram se a tinta utilizada poderia causar danos às gravuras antigas. Mesquita apagou a publicação após a repercussão negativa.
O Iphan divulgou uma nota informando que está realizando fiscalizações na área do sítio arqueológico e que já acionou os órgãos competentes para evitar danos ao patrimônio cultural brasileiro. O instituto ressaltou que qualquer pesquisa interventiva sem autorização é ilegal e passível de punição.
As gravuras rupestres, conhecidas como “caretas” devido a suas semelhanças com expressões humanas, são pré-históricas e trazem representações antropomorfas de civilizações que habitavam a região há mais de mil anos. A seca histórica do Rio Negro revelou essas gravuras, que são consideradas um importante patrimônio arqueológico da região amazônica.
O caso gerou discussões sobre a necessidade de preservação dessas gravuras e a importância de pesquisas arqueológicas devidamente autorizadas. O Iphan destacou a importância de se ter um plano de ação para pesquisar e cadastrar sítios arqueológicos no Amazonas, visando produzir conhecimento sobre o patrimônio arqueológico da região e prevenir futuros prejuízos a esses bens.