Entenda o motim de policiais militares no ceará
Parte dos policiais do estado se dizem insatisfeitos com a proposta do Governo do Estado de reajuste salarial e realiza atos que a Secretaria da Segurança considera ‘motim’ e ‘vandalismo’.
Primeiro protesto – 5 de dezembro de 2019
No mesmo dia, deputados da base do governo Camilo Santana afirmaram que uma proposta de reestruturação da carreira era elaborada e seria apresentada no “começo de 2020”. A reestruturação define quanto será o aumento do salário-base da categoria nos anos seguintes.
Proposta de reajuste – 31 de janeiro de 2020
O Governo do Estado anunciou detalhes do projeto de reestruturação salarial. O salário de um soldado, atualmente de R$ 3,2 mil, seria aumentado progressivamente até atingir R$ 4,2 mil em 2022.
O pacote de reajuste inclui, além de policiais militares, bombeiros militares, policiais civis e peritos forenses.
Projeto na Assembleia e novo protesto de policiais – 6 de fevereiro
Associações de policiais e bombeiros organizaram um ato de protesto na Assembleia Legislativa no dia em que o projeto do Governo do Estado chegaria ao poder legislativo. A categoria não aceitava os termos propostos pelo governo.
Uma parte dos policiais esteve na galeria da Assembleia; com a lotação, a maior parte dos manifestantes ficou do lado de fora e ocupou os dois sentidos da Avenida Desembargador Moreira, em frente à Assembleia. O tráfego de veículos ficou bloqueado no trecho.
1ª reunião entre policiais e governo – 10 de fevereiro
Inconformados com a proposta de reajuste salarial do Governo do Estado, policiais e representantes do Estado se encontraram em reunião para tentar chegar a um acordo.
Não houve proposta que agradasse a ambas as partes, e a reunião acabou sem acordo. Eles definiram a data para uma segunda rodada de negociações.
2ª reunião entre policiais e Governo – 13 de fevereiro
Em um segundo encontro, o Governo do Estado aumentou a proposta de reajuste salarial, de R$ 4,2 mil para R$ 4,5 mil. O aumento é progressivo, chegando ao valor de R$ 4,5 mil em 2022.
Ao fim da reunião, o Governo do Estado anunciou que havia chegado a um acordo com os militares. No entanto, policiais ligados à liderança de uma associação militar permaneceram insatisfeitos. Nos bastidores, esse grupo tentou provocar atos de protesto e paralisar as atividades da categoria.
Reação ao prenúncio de greve policial – 14 de fevereiro
Temendo a paralisação dos militares, o Ministério Público do Ceará se antecipou e recorreu à Justiça para obter decisões contrárias aos movimentos paredistas dos militares.
O órgão pediu que a Justiça decretasse a ilegalidade dos motins policiais e, em caso de desobediência, multasse as associações que apoiam as manifestações.
Justiça proíbe motins – 17 de fevereiro
A Justiça atendeu ao pedido do Ministério Público e determinou que:
- as associações se abstenham de atuar ou promover reuniões voltadas para discussão de melhorias salariais;
- se abstenham de financiar ou de participar de assembleias para debater greve da categoria;
- em caso de paralisação da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar, as associações demandadas abstenham-se de promover atos grevistas.
Motins e ‘vandalismo’ de policiais – 18 de fevereiro
Um grupo de policiais iniciou a realização de atos que a Secretaria da Segurança Pública considera “vandalismo” e “motim”. Três policiais foram presos por cercar um veículo da polícia e esvaziar os pneus.
A ideia dos policiais, conforme a secretaria, é paralisar as atividades da categoria.
Comércios fechados e senador baleado – 19 de fevereiro
Homens encapuzados – que a Secretaria da Segurança investiga se são policiais – invadiram batalhões da Polícia Militar, retiraram veículos oficiais e particulares e esvaziaram pneus nas ruas. O governador do Ceará, Camilo Santana, solicitou que policiais civis fossem às ruas fazer o serviço de patrulha.
Em Sobral, homens encapuzados ordenaram que comerciantes baixassem os portões. O senador Cid Gomes tentou entrar em um batalhão da PM usando uma retroescavadeira. Ele foi baleado com dois tiros.