Amazonas

CPI da Saúde ouve médico do CRM que atestou falta de estrutura em hospital referência montado pelo Governo do AM durante pandemia

Estava previsto ainda o depoimento da dona da empresa contratada para prestar serviços de lavanderia para o Hospital da Nilton Lins, mas a comissão não conseguiu fazer a notificação.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde dá sequência aos trabalhos nesta quinta-feira (16) com o depoimento do conselheiro Ricardo Góes Figueiras, do Conselho Regional de Medicina (CRM). O médico deve depor às 15h, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), em Manaus. Ele foi convidado pela comissão por ter atestado que o Hospital Nilton Lins estava sem capacidade estrutural para receber pacientes com Covid-19 quando foi inaugurado em abril.

Estava previsto ainda o depoimento de Criselidea Bezerra de Moraes, proprietária da Norte Serviços – contratada para prestar serviços de lavanderia para o Hospital da Nilton Lins, no entanto a Aleam não conseguiu notificá-la.

A CPI da Saúde investiga a aplicação de recursos públicos no sistema de saúde do Amazonas durante a pandemia do novo coronavírus. A CPI foi instalada dias após o Ministério Público de Contas iniciar investigação e cobrar respostas do governo sobre a aquisição de 28 respiradores pulmonares para a rede pública de saúde no valor de R$ 2,97 milhões. O MPC informou que o custo teve uma média de R$ 106,2 mil por unidade.

Nesta quarta, a Comissão ouviu o depoimento do presidente da Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (AADES), Bráulio da Silva Lima. De acordo com a Aleam, foram identificadas contradições que reforçam a participação de Carla Pollake na elaboração e gerenciamento do Anjos da Saúde, projeto orçado em aproximadamente R$ 6 milhões.

“Ela aparece nas reuniões em posição de comando, ao lado, inclusive do próprio presidente da AADES, para discutir questões referentes ao Anjos da Saúde. Aí o senhor Bráulio aparece aqui para afirmar que era para falar sobre o perfil do amazonense? Está claro que muito precisa ser investigado e esclarecido”, afirmou o presidente da CPI, deputado estadual Delegado Péricles.

Ainda durante depoimento de Bráulio, foram feitos ao presidente da AADES questionamentos sobre a real função da agência no projeto, datas de contratação, participação na elaboração e execução, além de contratação de pessoal. “Hoje ficou claro que a agência é contratada para exercer funções que as próprias secretarias poderia executar. Não quero nem me antecipar que é um verdadeiro cabide de empregos”, continuou o parlamentar.

Investigações na CPI

A CPI da Saúde anunciou, no dia 30 de junho, o encerramento da primeira etapa das investigações sobre gastos do Governo do Amazonas durante a pandemia. Membros da CPI informaram que a apuração sobre a compra de respiradores de mais de R$ 2 milhões foi deixada apenas aos cuidados da Polícia Federal (PF), após deflagração da Operação Sangria, que teve como alvo o governador Wilson Lima, e prendeu a secretária de Saúde, Simone Papaiz.

No dia 12 deste mês, a CPI apontou que a Susam recusou a proposta de um empresa com preço de respiradores mais barato. Segundo informações da CPI, a empresa Sonoar, que ofereceu o valor mais acessível à Secretaria, vendeu os respiradores para a empresa FJP e Cia., que firmou o contrato com a Susam, com uma diferença de quase R$ 500 mil do valor que foi vendido para o Estado.

Em depoimento na CPI, no dia 29 de junho, o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Rodrigo Tobias, declarou que era contra a compra de 28 respiradores por mais de R$ 2 milhões, mas que foi convencido a autorizar o início do processo. A CPI apontou o envolvimento do empresário Luiz Avelino, marido da ex-secretária de Comunicação do Estado, Daniela Assayag, no esquema investigado para compra de respiradores.