Polícia

Delegado preso assumiu chefia da Polícia Civil um dia antes do caso Marielle

No âmbito dos recentes acontecimentos que abalaram a sociedade carioca, a prisão de Rivaldo Barbosa pela Polícia Federal, neste domingo, emerge como um capítulo significativo. Barbosa, que assumiu o comando da Polícia Civil do Rio de Janeiro em 8 de março de 2018 – poucos dias antes do trágico assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes – foi detido em sua residência, localizada em um conceituado condomínio no bairro de Jacarepaguá, Rio de Janeiro.

A nomeação de Barbosa para liderar a instituição policial carioca não obteve a anuência da área de inteligência da Polícia Civil na ocasião. Contudo, essas objeções foram superadas pela determinação do general Walter Braga Netto – então comandante da intervenção federal na segurança pública do estado – que viabilizou sua ascensão ao cargo. Braga Netto, que posteriormente adentrou na arena política e ocupou cargos ministeriais sob a administração de Jair Bolsonaro, também figura entre os investigados por alegações de participação em tentativas golpistas.

Ao assumir a função, Rivaldo Barbosa enfatizou o combate à corrupção como um dos pilares de sua gestão – uma gestão que, no entanto, terminou em dezembro de 2018 sob suspeitas de um acordo nefasto com Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, para obstruir o esclarecimento dos reais mandantes do crime contra Marielle Franco. A Polícia Federal aponta que Barbosa pode ter recebido cerca de R$ 400 mil como parte deste esquema corrupto, alegações que ele veementemente nega.

A investigação dos assassinatos foi marcada por desinformação, intimamente ligada a Barbosa. Uma informação erroneamente inserida na investigação desviou a apuração para potenciais pistas sem fundamento, complicando o esclarecimento dos fatos. Em um esforço para transmitir confiança, Barbosa reuniu-se com parlamentares do PSOL, afirmando que as investigações estavam progredindo. Entretanto, a prisão do ex-chefe da Polícia Civil lança um novo olhar sobre essas declarações e atitudes.

Marcelo Freixo, figura proeminente e atual presidente da Embratur, refletiu sobre a ironia da situação em suas redes sociais, lembrando que Barbosa foi um dos primeiros contatados após o conhecimento do crime – um gesto que agora, à luz dos recentes desenvolvimentos, evoca reflexões profundas sobre os desafios enfrentados pela justiça e segurança no Rio de Janeiro.

Na sequência do crime, Barbosa garantiu à imprensa que todas as medidas seriam tomadas para elucidar o caso, ressaltando a gravidade do ato e seu impacto sobre a democracia. Hoje, diante das alegações e investigações que envolvem seu nome, a promessa de justiça parece ecoar com um significado muito mais complexo e sombrio.

As reviravoltas no caso de Marielle Franco e Anderson Gomes continuam a surpreender e a trazer à tona questões essenciais sobre a integridade e eficácia do sistema de segurança pública. Com a prisão de Rivaldo Barbosa, abre-se um novo capítulo nessa busca incessante pela verdade e por justiça – um capítulo que, esperamos, possa finalmente esclarecer as sombras que rondam esse crime que abalou profundamente a sociedade brasileira.

Fonte: https://folhadesorocaba.com.br/de-volta-sorocaba-reinaugura-unidade-do-sabe-tudo-conect-apos-anos-de-inatividade/