Suspensão das unidades Móveis das ‘Carretas da Mulher’ prejudica diagnóstico precoce

O período de conscientização da saúde feminina, conhecido como “Outubro Rosa”, é também a época em que muitas mulheres buscam fazer um check-up médico. No entanto, em Manaus, parte da população feminina tem dificuldades para fazer exames médicos, pois há quase um ano os serviços das Unidades Móveis de Saúde, conhecidas como “Carretas da Mulher”, foram suspensos pela prefeitura.

Quando ativas, as carretas percorriam diversos pontos da cidade e atendiam a população com exames de mamografia, ultrassonografia, ginecológicos, entre outros. Em seguida, os exames eram encaminhados a alguma Unidade Básica de Saúde (UBS). O serviço facilitava o acesso ao atendimento médico nas comunidades e estimulava os cuidados com a saúde, principalmente nas zonas mais carentes da cidade.

Como explica a autônoma Albanete Lacerda, 58, que mora no bairro Santa Etelvina, zona Norte. Ela conta que foi prejudicada pela ausência dos serviços e recentemente teve dificuldades para agendar um exame de mamografia. “A população fica refém do serviço público e muitas vezes não consegue marcar um exame médico, e na minha idade preciso fazer esses exames pelos menos uma vez ao ano”, disse.

Nesta terça-feira, 22, completa um ano que os serviços foram suspensos, exatamente no mês reservado para campanha de prevenção ao câncer. Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa) informou que as Unidades Móveis de Saúde foram suspensas por questões contratuais. Além disso, a Prefeitura de Manaus está em processo de licitação para serviços mais abrangentes.

UBS Móveis

Segundo a secretaria, as carretas passarão a funcionar como Unidades Básicas de Saúde móveis para atender as áreas classificadas como vazios assistenciais, aumentando o campo de ação e alcançando ainda mais usuários. No entanto, a previsão é que esse novo serviço comece a funcionar somente no início de 2020.

Coordenada pelo Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a “Campanha Outubro Rosa” busca todos os anos engajar a população feminina à prevenção do câncer de mama, por meio do alerta sobre a importância do diagnóstico precoce e de cuidados com a saúde. No Amazonas, o câncer de colo do útero fazem com que a campanha também alerte sobre esse outro tipo de neoplasia.

O câncer em números

Os altos investimentos no combate da doença e os índices de casos comprovam que a prevenção é o melhor caminho para vencer a doença. Segundo o Inca, no biênio 2018/2019, foi estimado para o Amazonas cerca de 840 casos novos de câncer de colo de útero, uma taxa bruta de 40,97 a cada 100 mil mulheres. Desses casos novos do Estado, cerca de 640 são mulheres residentes em Manaus. Os números para os próximos anos ainda não foram divulgados.

De acordo com o Governo do Estado, no primeiro semestre deste ano foram ampliados os investimentos para o combate ao câncer no Amazonas. Mais de de R$ 40,1 milhões foram destinados à Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon). Sendo o maior volume de recursos aplicados na instituição nos últimos nove anos.