Polícia Federal apreende cápsula de arma usada em assassinato de ribeirinhos do Rio Abacaxis, no AM

Corpos foram encontrados no dia 11 deste mês, no Rio Abacaxis, região que enfrenta onda de violência nas últimas semanas. PF investiga denúncias de abusos policiais.

Peritos da Polícia Federal apreenderam uma cápsula de arma de fogo que pode ajudar a identificar a autoria do assassinato de três ribeirinhos que viviam na região de Nova Olinda do Norte, no interior do Amazonas. Os corpos deles foram encontrados no dia 11 deste mês, no Rio Abacaxis, região que enfrenta onda de violência nas últimas semanas.

Foram encontrados os corpos do casal Anderson Barbosa Monteiro e Vanderlania Araújo, e do filho dela, Matheus Souza, de 16 anos. Outras seis pessoas também foram mortas na região nas últimas semanas, incluindo dois policiais. A PF investiga denúncias de abusos policiais, por conta de uma operação contra o tráfico de drogas realizado na área.

Conforme as investigações, a cápsula foi retirada do corpo de um dos ribeirinhos e foi possível identificar a numeração. A partir daí, a polícia deve descobrir de qual arma saíram os tiros e quem estava com ela.

No dia 5 deste mês, o corpo do indígena Josimar Moraes Lopes, da etnia Munduruku, foi encontrado com tiros próximo da comunidade, no rio Mari Mari. O irmão dele está desaparecido.

Moradores fotografaram uma lancha da Polícia Militar (PM) logo após ouvirem os disparos. Uma indígena da mesma etnia, de identidade preservada, disse que moradores da região relataram que ouviram seis disparos.

Moradores registraram lancha após ouvirem tiros no Rio Abacaxis. — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

“Depois ele (morador) disse que ficou silêncio e aí ele só ouviu já o barulho estranho, tipo jogando objeto dentro do bote. Ele disse que a lancha saiu, seguiu pra um Igarapé chamado Vermelho, pra lá ficaram horas. A lancha da polícia que tava escrito Polícia Militar, perguntaram (a polícia) de um pescador aonde ficava o Rio Abacaxi, ele disse que aqui era área indígena”, contou.

O aumento da violência na região começou depois que dois policiais militares foram assassinados, no início do mês. Eles investigavam o ataque contra o secretário executivo do Fundo de Promoção Social do Governo do Amazonas, Salu Moyses da Costa, que levou um tiro no braço enquanto pescava.

Depois da morte dos policiais, a Secretaria de Segurança Pública (SPSP-AM) enviou mais de 50 policiais até a cidade para encontrar e prender os responsáveis. Desde o dia 5, a PM realizou várias operações nas comunidades ribeirinhas e indígenas.

A SSP informou que inquéritos policiais foram abertos pela Polícia Civil (PC) para esclarecer as mortes e que testemunhas podem procurar a delegacia para prestar informações de forma oficial ou, se preferirem, de forma anônima pelo 181. Segundo a SSP, quatro pessoas envolvidas diretamente no duplo assassinato dos policiais já foram presas e ajudarão a esclarecer nas demais mortes.

Ao todo, pelo menos 15 pessoas já foram presas durante operação na região. Ainda por meio de nota, o órgão disse que não compactua com abusos e que a Corregedoria abriu investigação sobre os casos e, caso sejam comprovadas ilegalidades, os identificados serão responsabilizados.